O Assunto – “O 2025 de Embates Políticos e os Sinais para 2026”
Podcast: O Assunto
Data: 22 de dezembro de 2025
Host: Ana Tuzaner (Natuza Nery)
Convidada: Vera Magalhães (colunista de O Globo e âncora da CBN)
Visão Geral
Este episódio especial de “O Assunto”, transmitido no final de 2025, faz uma análise aprofundada do turbulento cenário político brasileiro ao longo do ano, destacando os embates entre os Poderes e as manobras de partidos e lideranças, com um olhar atento aos preparativos e tendências para as eleições de 2026. A convidada Vera Magalhães traz comentários críticos sobre as disputas no Congresso, a atuação do Supremo Tribunal Federal (STF) e o ambiente polarizado entre lulismo e bolsonarismo.
Principais Pontos e Segmentos
1. O Congresso e os Grandes Embates de 2025
- Tensão entre Reforma e Anistia
- O ano começou com Hugo Mota eleito presidente da Câmara e Davi Alcolumbre no Senado. Ambos impuseram pautas alinhadas aos interesses do Parlamento e oposição, dificultando o avanço das agendas do governo.
- “O presidente Lula conseguiu algumas das suas principais medidas, a isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil e avanços na regulamentação da reforma tributária. A oposição não levou o perdão total, mas ganhou, conseguiu reduzir as penas dos condenados.” (Ana Tuzaner, 00:31)
- Aprovação do PL da Dosimetria
- O projeto, aprovado no Senado, reduziu penas a condenados por tentativa de golpe (atos de 8 de janeiro), beneficiando inclusive Jair Bolsonaro.
- Lula declarou que vetaria a proposta, com possibilidade do veto ser derrubado pelo Congresso ou contestado no STF.
- “Acho que essa foi uma das muitas ocasiões em 2025 em que o Congresso votou de olho nos interesses da classe política e não da sociedade, e não da institucionalidade, nem do bom senso minimamente.” (Vera Magalhães, 04:33)
- Destaque para a crítica ao casuísmo da medida e o risco de se diluir o valor simbólico das punições justas para ataques à democracia.
Timestamps:
- [00:14] – Eleição dos presidentes da Câmara e Senado
- [04:33] – Discussão sobre o PL da dosimetria e críticas ao Congresso
2. O Governo Lula e Sua Base no Congresso
- Fragmentação e Falta de Articulação
- Governo com minoria clara na Câmara e no Senado, agravada após a indicação de Jorge Messias ao STF, contrariando Davi Alcolumbre.
- Impasses entre líderes do governo e aliados sobre eventuais acordos para a aprovação de projetos impopulares.
- “O governo tem uma minoria muito óbvia, tanto na Câmara quanto no Senado... pode ou ter jogado a toalha ou ter feito realmente um acordo por baixo do pano.” (Vera Magalhães, 07:21)
- Negociações Paralelas e Bastidores Agitados
- Projetos econômicos avançaram via concessões em outros fronts, exemplificando o troca-troca de apoios no Legislativo.
Timestamps:
- [07:21] – Análise das articulações do governo e bastidores das votações
3. Câmera dos Deputados: Crise de Liderança e Conflitos Internos
- Presidência de Hugo Mota
- Ano marcado por incidentes e demonstrações de fragilidade institucional: parlamentares impediram Mota de assumir a presidência (casos envolvendo Marcelo Van Hatten e Glauber Braga).
- “É um presidente muito fraco... Ele é muito inseguro, muito instável, não dá o norte, não é claro, não tem formulação.” (Vera Magalhães, 13:10)
- PEC da Blindagem
- Proposta que limitava cassações de deputados, mas que terminou arquivada pelo Senado após passar na Câmara.
- Arthur Lira, ex-presidente da Câmara, criticou a gestão caótica de Mota: “Tem que reorganizar a casa, está uma esculhambação.” (citado por Vera Magalhães, 14:17)
Timestamps:
- [11:06] – Episódios de ocupação da presidência da Câmara
- [13:10] – Balanço sobre Hugo Mota e críticas de Arthur Lira
4. Choques Entre os Poderes e Protagonismo do STF
- Judiciário em Evidência
- O ano foi de disputas constantes entre Congresso e STF. Apesar da promessa do presidente do Supremo, Edson Fachin, de reduzir o protagonismo, a Corte seguiu central no cenário político.
- “Toda semana tem um poder dizendo que o outro está extrapolando.” (Vera Magalhães, 16:37)
- Casos emblemáticos como o sigilo decretado por Dias Toffoli no caso Banco Master e críticas à permanência indefinida do inquérito das fake news.
- Apropriação Política do Supremo
- Vera comenta a “porta giratória” entre política e STF, mais exposta com a indicação de Flávio Dino, mas destaca que a origem política não deveria ser um problema se houvesse respeito pelos limites institucionais.
- “Depois que a pasta de dente sai do tubo, você não faz ela voltar.” (Vera Magalhães, 21:45)
Timestamps:
- [16:37] – Análise sobre a guerra entre os três poderes
- [21:45] – Suprema Corte mais política e discussão sobre composição
5. Escândalos, Investigações e Novas Operações
- Corrupção no Parlamento
- PF investiga desvios nas cotas parlamentares por deputados do PL; apreensão de 400 mil reais em apartamento ligado ao líder Sóstenes Cavalcanti.
- “Imagens feitas pela PF mostram que as notas estavam guardadas em um saco de lixo.” (News Reporter, 27:16)
- Operação no INSS
- Investigações atingem o entorno do presidente Lula, com menção ao nome do filho, Lulinha (embora não seja alvo do inquérito).
- Lula: “Se tiver filho meu metido nisso, ele será investigado.” (Narrator/Reporter, 29:12)
Timestamps:
- [26:42] – PF e escândalo com cotas parlamentares
- [28:19] – Operação no INSS e menção à família Lula
6. Termômetro Eleitoral: Lula, Bolsonaro e o Bolsonarismo em 2026
- Lula Caminha para a Reeleição, Ainda com Desafios
- Governo vê recuperação após desgaste inicial, favorecido por erros estratégicos da oposição bolsonarista, como o “tarifaço” de Eduardo Bolsonaro nos EUA e tensões internacionais.
- “Foi o gol contra dos bolsonaristas que ajudou enormemente o Lula a se recuperar.” (Vera Magalhães, 29:45)
- Principais desafios: segurança pública, corrupção e ajuste fiscal.
- Bolsonarismo em Xeque
- Jair Bolsonaro permanece preso, Flávio Bolsonaro larga na frente como candidato, mas enfrenta teto eleitoral pela rejeição ao sobrenome.
- “Foi muito engraçado ele falando que vai ser o bolsonarista menos radical, mais equilibrado… reconhecendo, portanto, que seu pai era o avesso disso.” (Vera Magalhães, 32:05)
- Fragmentação e incertezas quanto à coesão do campo conservador.
Timestamps:
- [27:55] – Perspectiva eleitoral para Lula em 2026
- [32:05] – Balanço do bolsonarismo e campanha de Flávio Bolsonaro
Notas e Momentos Marcantes
- “Quando as coisas se dão fora do que se espera de cada um dos agentes, as versões se multiplicam.” (Vera Magalhães, 10:55)
- “O Supremo teve que cumprir esse papel [garantir a democracia]… mas restituída a normalidade… as coisas precisam se encaminhar para o curso natural... E isso não tá acontecendo.” (Vera Magalhães, 21:45)
- “Tá todo mundo disposto a dar uma exorbitada aqui e ali em nome… das mais variadas justificativas.” (Vera Magalhães, 16:37)
- “Então foi um ano praticamente perdido na Câmara… um presidente muito, muito fraco.” (Vera Magalhães, 15:12)
Conclusão
O episódio apresenta um diagnóstico crítico do ambiente político pré-eleitoral:
- Um Congresso autônomo e muitas vezes alinhado a interesses corporativos;
- Um Executivo fragilizado, mas resiliente e oportunista na comunicação;
- Um STF ativo, porém frequentemente acusado de ultrapassar limites constitucionais.
A polarização entre lulismo e bolsonarismo segue intensa, mas novos fatores (investigações, desgaste institucional, dúvidas no campo conservador) tornam o cenário para 2026 aberto e sujeito a reviravoltas.
A conversa é permeada por análises francas, episódios emblemáticos e citações diretas, ilustrando a complexidade do cenário político e formatando a expectativa para outro ano de grandes disputas.
Este episódio é recomendado para quem deseja entender os bastidores, os enfrentamentos e os sinais que definirão o crucial cenário eleitoral de 2026 no Brasil.
